domingo, 24 de fevereiro de 2008

Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade

Pelo fato de a maior parte da população brasileira viver em cidades, observa-se uma crescente degradação das condições de vida, refletindo uma crise ambiental que nos remete a uma necessária reflexão sobre os desafios para mudar as formas de pensar, agir, em torno da questão ambiental. Para isso, é necessário se multiplicarem as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso á informação e á educação ambiental em uma perspectiva integradora, expandindo a possibilidade de participação dos cidadãos em um nível mais elevado no processo decisório, como uma forma de fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável, apesar das críticas a que tem sido sujeito, representa um importante avanço, surge para enfrentar a crise ecológica, para tornar compatível a melhoria nos níveis e qualidade de vida e para dar resposta à necessidade de harmonizar os processos ambientais. Este, não se refere especificamente a um problema limitado de adequações ecológicas de um processo social, mas a uma estratégia ou um modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em conta tanto à viabilidade econômica, como a ecológica.
Num sentido mais abrangente, a noção de Desenvolvimento Sustentável reporta-se a necessária redefinição das relações entre sociedade humana e natureza, e, portanto, a uma mudança substancial do próprio processo civilizatório, introduzindo o desafio de pensar a passagem do conceito para a ação.
O grande desafio da Educação Ambiental é que seja crítica e eficaz em níveis formais e não formais, que tenha propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social.
A presença dos órgãos governamentais como articuladores de ações ainda é muito restrito. O grande salto de qualidade tem sido pelas ONG’s e organizações comunitárias, que tem desenvolvido ações não formais centradas principalmente na população infantil e juvenil que visam formar cidadãos cada vez mais comprometidos com a defesa da vida. Cidadãos que pela motivação de seu potencial de participação, terão cada vez mais condições de intervir consistentemente e sem tutela nos processos decisórios de interesse público, legitimando e consolidando propostas de gestão baseadas na garantia do acesso a informação e na consolidação de canais abertos para a participação.
“A necessidade de uma crescente internalização da problemática ambiental, um saber ainda em construção, demanda empenho para fortalecer visões integradoras que, centradas no desenvolvimento, estimulem uma reflexão sobre a diversidade e a construção de sentidos em torno das relações indivíduos-natureza, dos riscos ambientais globais e locais e das relações ambiente-desenvolvimento. A educação ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante espaço para repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e transmissores de um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade planetária mais eqüitativa e ambientalmente sustentável.”

Resumo do Texto do Professor Pedro Jacobi, Professor Associado da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP (
prjacobi@terra.com.br)

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